Escrever para crianças é não subestimar o público infantil

Fonte: Portal da Comunicação – Comunique-se – 1º caderno

Texto: Priscila Fonseca e Izabela Vasconcelos

Não fazer criança de boba. Esta é a chave para o sucesso de um caderno ou revista infantil, de acordo com a editora-assistente do caderno Folhinha, do jornal Folha de São Paulo, Gabriela Romeu. Segundo a jornalista, a apuração de um caderno infantil é a mesma dos grandes cadernos, para o público adulto. A diferença é que o repórter deve saber como entreter uma criança com textos.

“A linguagem deve ser escolhida com cuidado, ser simples e ter frases curtas, no entanto citar uma expressão ou uma palavra difícil faz com que você desafie a criança”.

Outro desafio é entrevistar crianças e evitar respostas monossilábicas. “Se você fizer uma abordagem errada e não convencê-la, ela não vai falar”.

Um dos casos que mais tocou Gabriela como jornalista, aconteceu no Ceará, quando estava cobrindo uma matéria para a Folhinha. Lá ela conheceu adolescentes de 13, 14 anos brincando como crianças. “Atualmente meninas nessa idade já estão em outro universo, o adulto. Hoje é difícil você encontrar uma menina de 13 anos brincando de boneca, porque se percebe, a cada dia, que a infância acaba muito cedo”.
Crianças são consultoras da Recreio

O editor da revista Recreio, Bruno Favoretto, conta com a ajuda de leitores-consultores, crianças que enviam sugestões e opinam sobre as matérias publicadas. Para ele, a linguagem usada nas matérias deve ser bem equilibrada.

“Não podemos superestimar, nem subestimar as crianças. Não usamos termos muito técnicos, mas, se usarmos, fazemos analogias para explicar”.

Além dos leitores-consultores, outras crianças também interagem com os jornalistas da redação. “Uma vez fizemos uma twitcam e teve um menino que apareceu falando que fez um adesivo para o ‘cara barbudo’, que era eu. Foi muito engraçado”.

Favoretto relembra outra história, a de uma criança que o emocionou. “Tem vários casos. Tem a de um menino tem uma deficiência séria, ele não consegue andar. Essa criança sempre lê a revista e nos pediu para fazer matérias sobre o Batman. Isso nos emociona”, conta