Infância Ilustrada

Recordações feitas de Histórias para os que amam o livro e a leitura

Por: Claudia Lins

O casamento da Dona Baratinha

Em agosto, quando o portal Mundo Leitura ainda era um projeto ganhando vida na mente criativa do webdesigner Iran Rodrigues, nossa equipe decidiu se lançar a aventura de descobrir novidades literárias por esse Brasil de histórias. Foi com grande encantamento que visitamos a mostra Linhas de Histórias, organizada pelo Sesc Belenzinho de São Paulo, um panorama do livro ilustrado no Brasil, desde a década de 70 até hoje, exposição que reuniu algumas das mais criativas e belas imagens da literatura infanto-juvenil brasileira nas últimas décadas.

A experiência foi tão gratificante que, mesmo depois da mostra ter saído de cartaz, decidimos guardar essas imagens para compartilhar com todos que amam os livros e a leitura. Faça você também essa viagem visual, lendo o Diário de Bordo dessa experiência!

Histórias ao alcance das mãos

Despertando leituras de sentidos

Nas paredes paineis gigantescos com personagens fabulosos provocavam a imaginação e sobre as imagens emolduradas por caixas de madeira envidraçadas, crianças e adultos se debruçam, como se possível fosse mergulhar naquelas águas de histórias. As tramas ganham vida em quadros que podem ser tocados, arrastados de um lado para outro, manuseados como peças de um quebra-cabeças. As imagens e suas texturas são acariciadas e sentidas por mãos curiosas a procura de sonho e fantasias. “Tem pelinho, rendinhas, faz cócegas”, diverte-se Gabriela Matos, 09 anos, experimentando a sensação de tocar as texturas feitas de ilustrações sobrepostas em linhas na parede.
Por toda parte, é permitido sentir a energia vibrante das histórias, e elas estão espalhadas por murais, em labirintos de véus, desenhadas como pegadas no chão, misteriosamente oferecidas como recompensa para quem cruzasse as passagens secretas em busca das chaves do tesouro escondidas em caixinhas coloridas, ou tivesse disposição para subir montanhas de desafios.
Mas sabe qual era a melhor parte dessa aventura?

Ser recebido no alto das montanhas por uma calorosa roda de histórias.



“Para as crianças é importante ter esse contato visual e tátil com o universo das histórias, é maravilhoso”, descreve Roseane Fernandes Barbosa, professora dos Ensinos Fundamental I e II, de uma escola pública de Itaquequecetuba. Enquanto acompanhava a euforia dos alunos ao subir a montanha de histórias, ela me contava sobre o projeto leitura compartilhada, realizado em sua escola, onde as crianças e os educadores juntos fazem a releitura das histórias lidas, produzindo textos e desenhos.
“Estamos num lugar onde os leitores podem entrar nos livros, as histórias não ficam apenas no papel”, anuncia um dos murais do salão dedicado a cultura brasileira. Aos 76 anos, o viúvo que saiu de casa para tentar espantar a tristeza, é mais um curioso atraído pela mostra. Aposentado, seu Geodecio Fabiano, confessa que lê pouco, um livro ou dois por ano, ele diz.

Mesmo não sendo leitor de literatura infantil, rende-se ao apelo colorido dos salões da mostra.Entra, passeia pelos corredores e não resiste ao que vê: “São lindas essas imagens, agente até esquece dos problemas da vida lá fora”, descreve, num encantamento simples, compreendendo bem o que o que foi dito pelos curadores, o livro ilustrado é uma das experiências mais inovadoras da literatura infanto-juvenil nas últimas décadas. Nele, a imagem deixa de ser coadjuvante para ocupar um espaço decisivo na compreensão e construção dos sentidos da obra.


O que inspirou a mostra

Como descrevereu a curadoria Linhas de Histórias, a viagem por este universo foi feita por meio de dois caminhos: homenagens e panorama. No primeiro, o expectador é convidado a mergulhar nas narrativas e imagens de cinco livros que, por sua importância histórica e pelas muitas possibilidades que abriram para a criação, foram homenageados. No segundo, a mostra segue uma imersão nos temas, linguagens e gêneros do livro ilustrado e é dividida em seis núcleos: livro-imagem, humor, experimentais, tradição do artesanato, cultura brasileira e clássicos e contos de fadas.
Os cinco livros homenageados e os 53, distribuídos nos núcleos do panorama, apresentam um recorte – uma pequena paisagem – do trabalho e da história dos artistas ilutradores brasileiros nos últimos quarenta anos.
“Traçamos aqui uma linha, dentre as muitas possíveis que compõem o desenho do livro ilustrado no Brasil”, traduzem os curadores da mostra Alcimar Frazão, Fernando Vilela, Kati Canton e Odilon Moraes.

Os trabalhos homenageados foram escolhidos por serem marco, livros antológicos nos quais a experiência narrativa estende-se para além das palavras, mesclando territórios, na criação de novas possibilidades de expressão e linguagem. Obras que representam em si, novos e importantes capítulos na história do livro ilustrado no Brasil.
Flicts de Ziraldo, Ida e Volta, de Juarez Machado e O Rei de Quase Tudo, de Eliardo França, são marcos na mudança do papel da ilustração na literatura infantil. Nos anos 1980, autores como Eva Furnai, com A Bruxinha Atrapalhada e Angela Lago, com o Cântico dos Cãnticos, deram continuidade a experimentação que inclui, além das narrativas visuais, o próprio suporte – o objeto livro – como elemento da narrativa.

Neste núcleo, esses importantes livros foram recurados na forma de instalações. Invandindo o espaço, possibilitando novas experiências e significados pelos caminhos de suas histórias

CLAUDIA LINS: "Não resisti e mergulhei no cenário da história"

Para ver todas as FOTOS dessa aventura visual, acesse o álbum em nosso Observatório!

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