Por Márcio Cavalcanti
“A criança não nasce gostando de futebol, mas na porta do quarto, já na maternidade,
dependura-se um escudo do time de futebol do qual o pai é torcedor. E no aniversário de dois anos, o presente é uma bola oficial. Por que não fazer isso com o livro, incentivando a criança à leitura?”
A Literatura como a maior fonte de riqueza, foi o norte da palestra “A importância das mães como formadoras de leitores”, ministrada por Zoara Failla, gerente de projetos do Instituto Pró-Livro IPL. A palestra foi umas das programações deste domingo (23), da V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, e atraiu não apenas mães em busca de mais conhecimentos para agregar valores positivos à formação cultural de seus filhos, mas ainda professores, pesquisadores e profissionais de diversas áreas com objetivos de aperfeiçoamento profissional.
Failla chamou a atenção para o fato da perda de valores por que passa atualmente a sociedade, ficando assim mais difícil a valorização da Literatura e o incentivo à leitura uma vez que os códigos básicos e imprescindíveis no convívio social estão sendo a cada dia relegados – o respeito mútuo, a valorização da vida, da alteridade.
Restaria assim à figura materna a responsabilidade de estabelecer princípios e desígnios à formação cultural e intelectual das crianças, para que se tenha no futuro uma geração com novos valores alicerçados no saber.
Failla fez advertências a respeito da efemeridade própria da pós-modernidade. Atualmente a criança tem acesso a uma imensa variedade de aparelhos e canais de entretenimento: televisão, internet, amigos virtuais, possibilidades diversas de interação em atividades com um fim em si mesmo, isto é, que encerram sua contribuição no momento em que a criança se desvencilha delas, nada restando para que componha a sua bagagem intelectual.
“Estamos criando a geração da superficialidade. O jovem tem a capacidade de perceber os fatos apenas genericamente. Em nada se aprofunda nem se detém. Se as crianças substituem a leitura por coisas mais imagéticas, mais rápidas, terá comprometida a sua capacidade de concentração, de síntese, resultando em prejuízos de cognição e no exercício da imaginação”, observou.
Dos dispositivos de dominação à libertação
A palestrante fez importantes considerações históricas sobre a participação da
mulher na luta pelos direitos, sobretudo o direito de ler e o de formar leitores. E contextualizou essas lutas com as diligências incisivas de poderosos de diversas e até recentes épocas contra o letramento das massas como dispositivo de controle social.
Em compensação, a partir do momento em que a população passa a valorizar a leitura, a valorização do conhecimento entra na pauta política. “O devorador de livros tem condições de acessar às diversas áreas do conhecimento, com a capacidade de fazer avaliações próprias da conjuntura política. Por isso, ler é revolucionário, é motivador”, frisou.
Incentivos à leitura
Zoara Failla mostrou os resultados de uma pesquisa divulgada pelo IPL em 2008, revelando que 49% dos entrevistados atribuíram às mães o seu gosto por literatura. O resultados apontados levaram o Instituto a realizar a campanha “Mãe, lê pra mim?”, incentivando a leitura entre mães e filhos.
“É necessário a criação de formas diversas de acesso aos livros. Mesmo a biblioteca é vista como um lugar apenas para estudar e não para ler livros de sua própria escolha. Mas a biblioteca tem de ser um lugar de manifestação cultural em seus vários âmbitos, e não apenas um lugar de guardar livros”, sugeriu Failla.
Para a terapeuta ocupacional (e sobretudo mãe), Thais Fortes, a oficina ministrada
por Failla despertou os participantes para a necessidade de orientar as crianças rumo aos caminhos da leitura. “É importante esse estímulo logo no início da infância, pois o livro abre portas para o desenvolvimento neuropsicomotor e estabelece uma conexão maior entre mãe e filho.
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