A gerente de projetos do Instituto Pró-Livro, Zoara Failla, em visita à Bienal do Livro em Alagoas, divulga o livro Retratos da Leitura no Brasil, uma pesquisa que traz os últimos dados sobre a leitura no Brasil e realiza a oficina A importância das mães como formadoras de leitura.
Na segunda edição da pesquisa, houve uma mudança no perfil adotado para averiguar a situação do acesso ao livro e o fomento à leitura. Dessa vez, foi escolhida uma amostra de entrevistados a partir de 5 anos de idade, atingindo todos os estados brasileiros. Os questionários com 60 perguntas, aplicados em domicílio pelo Ibope, atingiram um universo de 5.012 pessoas.
Segundo a metodologia da pesquisa, é leitor aquele que declara ter lido um livro nos últimos três meses anteriores à aplicação do questionário. Os dados alcançados até agora apontam uma duplicação no número de leitores. “Um ponto positivo é a representação do livro como algo importante e que traz conhecimento e mobilidade social”, afirma Zoara. Essa mudança no modo de ver o livro está associada a vários fatores, entre os quais o papel da mãe no incentivo à leitura dos filhos.
No entanto, no Brasil, a biblioteca continua sendo um ambiente voltado para a pesquisa, um lugar para estudar. Essa noção equivocada dificulta o processo de aquisição da leitura de forma mais abrangente e despretensiosa. Para Zoara, a experiência do Chile é exemplar. “As pessoas frequentam a biblioteca de Santiago como se fosse um shopping cultural, que fica aberto o dia todo e durante toda semana, onde se pode explorar diferentes situações, desde uma aula de culinária combinada com um livro de receita até uma palestra sobre psicologia associada a um livro”.
O Ministério da Cultura, bem como diversas instituições culturais, têm utilizado a pesquisa para direcionar suas ações. Uma das preocupações do MEC se volta para a necessidade de investir em mediadores de leitura, cada vez mais inseridos em diversas situações de leitura, e não apenas nas bibliotecas.
Os avanços da pesquisa vêm motivando outros países a adotarem a mesma metodologia, o que permitiria uma análise comparativa da situação da leitura em âmbito mundial. “Não adianta comparar o Brasil com experiências estrangeiras, utilizando métodos diferentes, é preciso uniformizar os instrumentos de pesquisa e, para isso, já estamos conquistando o respaldo de países da América Latina e Central para replicarmos a metodologia adotada no Brasil”.
A primeira edição da pesquisa Retrato da Litura o Brasil teve a proposta de olhar o mercado e identificar o perfil dos leitores, e utilizou uma amostra de leitores com idade a partir de 15 anos de algumas regiões do país. Foi uma iniciativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e da Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares (Abrelivros). O próximo levantamento está em andamento e pretende dar continuidade a uma série histórica.
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