Celso Sisto é escritor, ilustrador, contador de histórias do grupo Morandubetá (RJ), ator, arte-educador, especialista em literatura infantil e juvenil, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)...
Vento ventado, soprado, brando ou feroz – não importa! Vento é sempre mensageiro de algum segredo. Mas é preciso olhos e ouvidos atentos para saborear esses “pedaços” do tempo em movimento.
A menina Íris, que costumava abraçar a árvore da praça e ouvir suas histórias, descobre, principalmente, que o vento traz sentimento. Num dia de domingo, encontra o menino Cristalino, dormindo nos galhos de sua amiga árvore. Um pouco encantada com ele, um pouco curiosa, Íris experimenta a magia do olhar, do olhar fundo. Desse encontro, celebrado com rodopios de cata-vento, tudo pode acontecer, inclusive a saudade.
A expressão “pé de vento”, que é ventania que se arma de repente e some rapidamente, serve de motivo para a construção da história: vento que nasce em árvore ou vento que passa num piscar de olhos? Ao pé da letra ou explorando o significado da idéia?
O texto, poético, construído com frases curtas, brinca com parlendas e ritmos, em diferentes durações – ora curtas, oras mais longas, como o próprio sopro do vento.
As ilustrações do premiado André Neves são sempre uma festa para os olhos. Privilegiando as texturas sobre tecidos, o trabalho com colagem, o contraste das cores, a luminosidade dos claros e escuros e as figuras alongadas, o ilustrador esbanja criatividade.
Nesse livro, André autor e André ilustrador se encontram para celebrar o vento, passageiro do instante, mas permanente na memória do sentimento: aquilo que a gente sente pode durar pra sempre, inclusive, as emoções das histórias!
NEVES, André. Um pé de vento.
Ilustrações do autor.
Porto Alegre, Projeto, 2007.
32 p. R$ 28,00
O que posso ganhar lendo este livro?
Conhecer uma gostosa expressão popular e descobrir, a partir dela, várias outras; perceber como a amizade é importante na vida de qualquer pessoa; conhecer ou se aprofundar nas obras de André Neves, que tem uma escrita poética e um traço muito particular para o desenho, além de se divertir tentando descobrir os diversos materiais que o ilustrador usa para compor suas imagens.
Celso Sisto, autor deste texto, também é Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Doutor em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e responsável pela formação de inúmeros grupos de contadores de histórias espalhados pelo país.
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