Um leitor no museu

Claudia Lins

Quem visita o Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro, monumento imponente da era colonial, se encantará ao descobrir que, entre as salas e galerias com numerosas obras de artes do Brasil império, outra surpresa além do acervo, espera pelos visitantes. Moisés dos Santos, um dos profissionais encarregados de fazer a segurança do prédio,


circula por suas dependências, auxiliando os visitantes com informações a respeito dos personagens históricos que aparecem retratados nas telas e esculturas.

“Essa é Catarina de Ataíde, o amor secreto do poeta Luís de Camões”, descreve ao apresentar uma tela onde a musa do poeta aparece em trajes imponentes. A história platônica de amor, segundo Moisés, se deu na época do reinado de João III, quado a jovem Catarina frequentava os salões da realeza. Camões a teria conhecido na rua, os dois se cruzaram no passeio público e foi amor à primeira vista. Para ela, o poeta teria escritor lindos versos, garante o segurança. Mas o romance não pode ser consumado. A musa inspiradora de Camões foi dada em casamento a Vasco da Gama, com quem teve sete filhos. Mais tarde, viúva, Catarina casou-se novamente, desta vez com o rico fazendeiro Pedro Gusmão, que a transformou na Senhora do Verde Milho.
Guardião do patrimônio público, Moisés tem 45 anos e é pai de dois filhos. Não fez nenhum curso para se tornar guia do museu, mas sente prazer em interagir com os visitantes contribuindo com informações a respeito do acervo. O guarda, que mora no bairro do Estácio, chegou a cursar até o terceiro ano de História, por isso a atenção especial a fatos históricos da humanindade.
Leitor de poemas de Camões, Fernando Pessoa e Carlos Liri, costuma pesquisar na internet para aprender um pouco mais a respeito das figuras históricas retratadas nas telas do museu. Quando o assunto é leitura contemporânea, prefere os livros religiosos e de auto-conhecimento. De tudo o que leu na vida, guarda com carinho as lembranças de Capitães de Areia, clássico de Jorge Amado, lido na adolescência.

Moisés da Silva, entre Camões, Pessoa e Jorge Amado

“Ler representa tudo o que é verdadeiro. Gosto de livros históricos, pois nos revelam a verdade sobre o que aconteceu na vida da humanidade. Quem lê compreende e sabe viver melhor com o mundo, aprende a colocar as coisas no seu devido lugar, respeitando o lugar de cada um”, filosofa o guardião do patrimônio.


2 comentários

  1. Obrigado por prestigiar e respeitar o profissional como vc respeita
    admiro e tb respeito muito pessoas com a alma e energia positiva
    como a que vc me transmitiu no Museu de Belas Artes vou orar
    e pedir a Deus que seu trabaho venha sempre nos proporcionar
    informações atraves da cultura divulgando pessoas que fazem
    parte do dia trabalhando e informando com humildade a verdade
    a todas as pessoas.Obrigado.Moysés dos Santos

    1. Oi Moysés, nós de Mundo Leitura é que agradecemos pelo privilégio de poder contar a história de gente como você!!!