O coco alagoano é uma prática secular, com raízes nos ritmos e canções do Quilombo dos Palmares. Hoje, a dança resiste no Estado, mas pouco se sabe como se sustentam os grupos existentes, fora do calendário de festas do ano. O projeto Rede Sociocriativa do Coco de Roda surgiu para compartilhar técnicas e conhecimentos em dança, comunicação e empreendedorismo com os grupos de Maceió, contribuindo com seu desempenho artístico e econômico. A primeira ação da Rede é uma série de formações, iniciada com a oficina Passos tradicionais do coco de roda, a ser ministrada pelo músico e mestre de coco Jurandir Bozo, dias 15 e 22 de abril, das 13h30 às 17h, no Serviço Social do Comércio (Sesc), sede do Poço.
Em vários municípios do Estado, o coco alagoano é dançado em torno de duas modalidades. Uma delas é o coco mais tradicional, praticado, em suas comunidades, por mestres e grupos tido como folclóricos. A outra, ocorre com os grupos que incorporam, aos passos do coco raiz, elementos contemporâneos, a exemplo de sofisticados figurinos, na intenção de se posicionarem melhor nos concursos e festivais.
Em Maceió, em torno de 15 grupos atuam nesta última vertente, a maior parte distribuída nos bairros do Jacintinho, Bebedouro, Clima Bom, Chã da Jaqueira, São Jorge, Pitanguinha e Benedito Bentes. Destes, já confirmaram presença nas oficinas do projeto os coletivos: Leões de fogo, Mandacaru, Pau de Arara, Paixão Nordestina, Pisa na Fulô, Raízes Nordestinas, Reviver Alagoano, Raridades, Xique Xique, Xodó Nordestino, Sensashow e Reis do Cangaço.
Durante a oficina Passos tradicionais de coco de roda, a proposta é compartilhar com essas novas gerações a riqueza dos trupés ou sapateados, da umbigada e da disposição de cada membro do grupo na sua forma tradicional de dançar. O coco, além de manifestação artística, tem uma relação muito próxima com o trabalho de construir casas de taipa, principalmente em áreas da zona rural. “Nosso objetivo é de partilha de uma memória que continua muito presente no interior de Alagoas. Queremos que os grupos mais jovens saibam de onde vem a raiz dessa dança que, corajosamente, eles mantêm viva em suas comunidades”, enfatiza Bozo.
Além da oficina de Passos tradicionais do coco de roda, estão previstas mais três formações. Duas realizadas na sala da musicoteca do Sesc Centro: produção de eventos e formas de empreendedorismo (29 de abril e 6 de maio), com o produtor cultural Samy Dantas e o presidente do Instituto Ação de Desenvolvimento para Cidadania (IADEC), conhecido como Banco do Cidadão, Pedro Verdino; e Assessoria de comunicação e gerenciamento do portal coco e roda (13 e 20 de maio), com a agência Alunte Ideias e Comunicação e o designer digital, Artur Finizola; e a terceira, na Escola Técnica de Artes (ETA), será a de Fotografia & vídeo de baixo custo (27 de maio e 3 de junho), com o artista multimídia, Glauber Xavier.
O projeto Rede Sociocriativa do Coco de Roda foi idealizado por artistas e produtores culturais de Alagoas em articulação com o Banco do Cidadão, sendo contemplado com recursos da Lei de Incentivo à Cultura de Maceió (edital Eris Maximiano), da Fundação Municipal de Cultura. Para sua realização, conta com a parceria do Sesc e apoio da ETA e da Associação dos Amigos e Pais de Pessoas Especiais (AAPPE).
Sobre a atuação do oficineiro
Jurandir Bozo é compositor e cantor, nascido na cidade de Pão de Açúcar. Já produziu diversos trabalhos musicais, principalmente de coco e embolada. Atuou nas bandas Poeira Nordestina e Bozo e os bambas de Pão de Açúcar. É mestre de coco, com 20 anos de carreira. Fez várias apresentações ao lado do Mestre Verdelinho (1945-2010), de quem foi discípulo e produtor de seu único CD, UNIversando, vencedor do prêmio Mestre Duda 100 anos de Frevo (Minc). Com um trabalho atuante de visitas e formações voltadas aos grupos de coco, Bozo se tornou uma referência para as novas gerações que cultivam a dança.
SERVIÇO
Oficina Passos tradicionais de Coco de Roda
Quando: 15 e 22 abril de 2017
Onde: Sesc Poço
A que horas: das 13h30 às 17h
Informações: fanpage da Rede Sociocriativa do Coco de Roda
ou pelo telefone 99302-1099 (zap).
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