Thalita Rebouças encanta adolescentes na Bienal de AL

Por Márcio Cavalcanti

“Ler é a melhor experiência que alguém pode ter na vida. O livro é a melhor companhia, só não sabe disso quem ainda não leu um bom livro. Continuem lendo os meus e outros livros também. Ler leva a gente para lugares incríveis!” As palavras simples mas motivadoras da escritora carioca Thalita Rebouças se intercalavam aos aplausos e às risadas dos adolescentes que visitaram a V Bienal Internacional do Livro de Alagoas, na tarde de sábado, segundo dia do evento.

Extrovertida e em sintonia com a linguagem do público adolescente, Rebouças falou de suas experiências como leitora, jornalista e escritora para um auditório cheio de garotas e garotos ávidos para ouvi-la falar de sua carreira.A literatura sempre permeou as diversas fases da vida da autora, até que um dia ela se rendeu ao ofício das letras, com seu primeiro título “Traição entre amigas” (Ed. Rocco, 2006), voltado para os jovens e se surpreendeu com o retorno do público.
“Quem amou o livro foi a galera de 13, 14 anos. Então, os adolescentes passaram a me procurar, dizendo: ‘Obrigado, Talita, por escrever coisas sobre nós! obrigado por nos entender!’, daí eu parei e pensei comigo mesma: “Mas eu não escrevo para vocês, eu não entendo vocês!!”– relatou a autora o seu espanto, arrancando gargalhadas dos jovens. Logo, Rebouças explicou que seu primeiro livro era direcionado para o público com idade de pouco mais de 20 anos.
Porém, o interesse do público mais jovem só crescia. “Adulto tem mania de falar que adolescente não lê, mas não é bem assim. Eu comecei a perceber que, na verdade os adolescentes apenas eram carentes de alguém que escrevesse o que eles gostam de ler. Foi assim que resolvi fazer o “Tudo por um Pop Star”, aí sim foi meu primeiro livro realmente para adolescentes, com 4 mil exemplares vendidos”, comemorou.

“Ler é bacana”
“Desde muito pequena, eu tinha mania de fazer os meus próprios livros, então eu desenhava e escrevia minhas próprias historinhas. Gosto de falar de sonhos para os adolescentes. Acho que todo mundo precisa acreditar nos seus próprios sonhos. Isso pode até parecer auto-ajuda, mas é importante”, advertiu. “Faço literatura propositalmente da forma mais coloquial possível para aproximar o adolescente dos livros. Foi por isso que eu criei a campanha “Ler é bacana”, lá no Rio de Janeiro.
A autora comentou o sucesso da campanha, que resultou numa grande aceitação do público pelo seu novo estilo de fazer literatura. “Em junho passado, alcançamos a marca de um milhão de livros vendidos”, revelou. Rebouças atribui a grande aceitação do público à maneira como trata das questões simples do cotidiano do adolescente, dos seus conflitos, desejos e objetivos.

Portugal
O número de fãs de Thalita Rebouças tornou-se tão grande que já rompeu fronteiras, indo além-mar. Em Portugal, as escolas adotaram alguns de seus títulos, o que fez necessário produzir adaptações ao Português lusitano. “Algumas palavras, tão próprias do universo adolescente, são muito diferentes lá em Portugal: ‘espinha’ é ‘borbulha’ e ‘legal’ é ‘fixe’!, exemplificou.

Rebouças marcou sua participação na bienal alagoana de 2011 com momentos de descontração, irreverência e cheio de energia, envolvendo o público em gargalhadas que se confundiam com o frenesi dos aplausos. Logo após a palestra, a autora iniciou um bate-papo com a plateia. Na ocasião, não apenas jovens, mas pais e professores puderam discutir questões diversas do ideário adolescente, todas abordadas nas publicações da escritora.

Quem é Thalita Rebouças?
Uma menina aplicada no estudo da Língua Portuguesa (tendo memorizadas até hoje as regras de acentuação gráfica) e que influenciada pela família e pelo contexto social do início da década de 1990, resolveu prestar vestibular para Direito. Porém, não se identificando com o curso, foi estudar Jornalismo, ali realizando-se enquanto pessoa desde o primeiro dia de aula. Trabalhou em grandes empresas de Comunicação e um certo dia resolveu largar tudo para colocar em prática aquele sonho que engavetou junto com sua infância: fazer os seus próprios livros, criar suas próprias histórias.

Apesar da linguagem e postura acentuadamente irreverentes de Thalita Rebouças, a autora disse que desde muito cedo gostou de ler livros mais substanciais. Dentre eles, citou “Travessuras da menina má”, de Mario Vargas Llosa, e “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago. Contou que esses livros foram causadores de profundas mudanças na sua maneira de ver o mundo. Porém diz que o livro mais marcante em sua vida é “Feliz ano velho”, de Rubens Paiva, e lembra com emoção das obras dos autores Luis Fernando Veríssimo e Fernando Sabino.