“Eu não me entenderia por gente se eu não gostasse de ler, porque meu mundo seria muito reduzido”
Quando menina ela adormecia ouvindo o pai declamar poemas do alagoano Jorge de Lima. Sua infância foi povoada por contos de fadas, fábulas, e na adolescência a fome de ler só era saciada com a descoberta de novos títulos e obras de autores mundias. Hoje, bem mais crescidinha, a funcionária pública Maria Thereza Freitas Cavalcante, faz dos livros um motivo para presentear e estimular os netos a compartilhar do mesmo encantamento.
“Comecei a ler por conta própria e a escolher meus títulos, aos nove anos, aos 15, já tinha lido livros bem mais adiantados para minha idade”, lembra a avó leitora. “Meu pai declamava o mundo do menino impossível, o acendedor de lampiões, e esses eram poemas que ele lia enquanto me colocava para dormir, mas ele também inventava histórias de princesas e minha casa era cheia de livros, assim cresci apaixonada pela leitura”, descreve Maria Thereza.
Na adolescência, a leitura veio junto com uma sede ainda maior de descobertas. Livros como O Processo e Metamorfose, poderiam soar como leitura complicada para alguém tão jovem e era isso o que seu pai pensava, mas ela queria mais. “Na minha geração, tudo era motivo para um bom papo e quem não lia ficava excluído, nos discutíamos literatura, cinema, queríamos descobrir o mundo através da leitura”, conta relembrando empolgada uma época tão criativa de sua existência.
Na vida adulta, Maria Thereza se atirou a literatura latino-americana, bebeu da fonte de Gabriel García Marquez, Mario Vargas Llosa, com os filhos fez da leitura um motivo para celebração e encontros, mas admite que a experiência não foi tão encantadora quanto com os netos.
“A geração dos meus filhos tinha outra postura, depois eles cresceram e acabaram por se render ao poder da leitura, mas com os netos os livros viraram presentes, alegria, descoberta novamente. Dou brinquedos, roupas, mas os livros não faltam nunca, porque são eles que desenvolvem o imaginário, a sensibilidade, tudo num ser humano”, diz a avó leitora.
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