O rio São Francisco ilustrado em lendas para leitores de todas as idades
“Pelos caminhos do rio São Francisco navegam muitos amores e mistérios. Histórias que seguem o curso das correntezas arrastadas ao sopro dos vendavais, perdidas nas profundezas, onde reinam encantos e maravilhas”.
Com palavras bordadas e um colorido de encher os olhos, nasce o novo livro da escritora e jornalista Claudia Lins, que tem duplo lançamento marcado para a Bienal de Alagoas, nos próximos dias 21 e 27 de novembro, das 17h às 20h, nos estandes da Bêabá Livraria, nºs 105 e 106.
Histórias encantadas do São Francisco promete fazer transbordar na imaginação de crianças e adultos toda magía da gente ribeirinha. O livro reúne cinco narrativas inspiradas na cultura do São Francisco e destaca paisagens e lendas de destinos alagoanos, como Piranhas, Entremontes, Ilha do Ferro, Potengy, Piaçaubuçu, Pão de Açúcar, e outras incríveis paisagens que margeiam os caminhos de um dos mais importantes rios brasileiros.
Ilustrado pela pernambucana Hallina Beltrão e editado pela Espiral, de SP, o livro é resultado de mais um intenso e profundo mergulho da carioca-alagoana Claudia Lins nas riquezas do folclore e da oralidade ribeirinha.
“Sempre fui apaixonada pelo jeito de ser do povo daquelas barrancas, os pescadores, as bordadeiras, a gente que vive às margens do São Francisco cuidando de suas memórias, perpetuando as belezas e riquezas do folclore, do artesanato e das tradições daquele rio que considero mágico”, diz a autora, que esse ano comemora 14 livros publicados para crianças e adolescentes, quatro inspirados na cultura ribeirinha. O mais recente deles, Vozes do Sertão, coletânea de histórias organizada por Lenice Gomes, da qual Claudia participa com um conto ambientado no vilarejo de Entremontes, foi premiado em 2015, no Salão do Livro do RJ, com uma das mais importantes certificações literárias do país: o Selo Altamente Recomendável, concedido pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e integrou o catálogo da literatura infantojuvenil brasileira na Feira de Bolonha, na Itália.
Paisagens e personagens que inspiraram as histórias do livro
As cinco histórias que integram o novo livro da autora Claudia Lins, falam de personagens e tramas que habitam o imaginário da gente ribeirinha, como a sereia Mãe D’Água, o Boi Ventania, a lenda do mero e do pote e o encontro apaixonado entre a filha de um pescador e o peixe dourado gigante, um encantado que vive num castelo nas profundezas dos chapadões e nada por águas do São Francisco, desde sua nascente em Minas Gerais, até a foz, na praia alagoana de Piçabuçu.
Pelas narrativas da autora desfilam lendárias canoas de tolda com suas velas em forma de borboleta, cangaceiros invisíveis, bordados tecidos por mãos caprichosas das mulheres de Entremontes e seres de madeira inspirados na cultura da Ilha do Ferro, um paraíso de artesãos e bordadeiras no sertão de Alagoas. Retratado numa das ilustrações, se faz presente o farol inclinado do povoado Cabeço, paisagem da história A pautri de asas douradas, que conta a saga de Francisco, um pescador com nome de rio que vive às margens das águas doces, mas sonha cruzar horizontes para conhecer os mistérios do mar.
“Muitas dessas histórias trago comigo das viagens que fiz ao rio, as guardei em meu baú de tesouros a espera do tempo de vê-las renascer ainda mais belas e fortes. Outras ainda adormecem a espera de povoar novas tramas. Esse rio e sua gente compõem uma fonte inesgotável a jorrar sabedoria e maravilhas”, traduz a autora.
Ao compor os muitos mistérios que embalam as tramas do livro, Claudia se permitiu levar pelo realismo fantástico que impera em torno do rio, deu ouvido aos cochichos das lavadeiras, aos causos narrados por artesãos e pescadores, ao sopro do vento sudoeste que espalha maravilhas enquanto cria redemoinhos sobre suas águas. Foi assim com a história As Bordadeiras e o Vento, que fala das irmãs Cordélia, Amélia e Dorabia, três bordadeiras sobreviventes de um vilarejo carregado por dunas de areia, que passam a viver no povoado de Entremontes e se tornam famosas pelos vestidos que atraem noivas de todos os lugarejos do rio, desde os vilarejos mais distantes de Alagoas a nascente em Minas Gerais.
Coube a talentosa ilustradora e designer Hallina Beltrão captar toda essa atmosfera encantada das margens do Velho Chico, dando ao livro o tratamento de obra de arte. Uma obra para ser lida com os sentidos e o coração e sem classificação etária. “Afinal, boa história não tem nem nuca terá idade!”, aposta a autora.
O que: duplo lançamento do livro Histórias Encantadas do São Francisco
Quando:Sábado, 21 de novembro,
Sexta, 27 de novembro
Onde: VII Bienal do Livro de Alagoas
Estandes 105-106 Bêabá Livraria
Horário: 17h às 20h
Centro de Convenções, em Jaraguá
Obrigada, Jurailde! Que nossa oralidade esteja sempre viva em nossa memória e coração.